Provas - 2ª fase
SECÇÃO DE SÃO PAULO
126º EXAME DE ORDEM
PROVA
DIREITO CIVIL
PONTO 1
Em abril de 1993, Alberto ocasionou acidente de trânsito e colidiu o veículo que
dirigia com o veículo conduzido por Cláudio. Na ocasião, Cláudio achara melhor
não fazer nada, pois os danos foram de pouca monta, mas decidiu, em março de
2005, propor a ação de ressarcimento cabível. Proposta a ação, o feito
prosseguiu com o oferecimento de defesa e produção de provas, estas contundentes
no sentido de apontar a culpa de Alberto. A sentença, publicada há 10 (dez)
dias, acolheu preliminar de prescrição e julgou improcedente a ação; apesar de o
Código Civil anterior estipular o prazo prescricional de 20 (vinte) anos, o novo
Código, sob cuja égide a ação foi proposta, reduziu o prazo para 3 (três) anos.
A sentença não apreciou nenhum outro ponto da lide, além da prescrição.
QUESTÃO: Como advogado de Cláudio, interponha o recurso cabível.
Considere que a ação tramita perante a 56a Vara Cível Central da Capital.
PONTO 2
A ação ordinária movida por ABC Empreendimentos Ltda. contra Aristides da
Silva foi julgada procedente, para condenar este ao pagamento da quantia de R$
100.000,00 (cem mil reais) a título de perdas e danos causados por má prestação
de serviços. Aristides recorreu e o recurso aguarda distribuição no Tribunal
competente. Enquanto isso, a ABC Empreendimentos Ltda. descobriu que Aristides
pôs à venda os dois únicos imóveis desembaraçados de sua propriedade – um na
cidade de Poá e outro na cidade de Itu – e pretende dilapidar seu patrimônio
para furtar-se ao pagamento da indenização.
QUESTÃO: Como advogado de ABC Empreendimentos Ltda., tome a medida
cabível para a defesa de seus interesses. Considere que a ação tramitou perante
a 20a Vara Cível da comarca de Santos, domicílio de Aristides e sede da ABC
Empreendimentos Ltda.
PONTO 3
José e Juscelino celebraram contrato de locação, por meio do qual este
locava àquele imóvel de sua propriedade, para instalação de estabelecimento
comercial mantido por José. Passados 6 (seis) anos de relação contratual
contínua e formalizada, houve significativa queda do preço de mercado das
locações nas vizinhanças do imóvel. Com isso, o preço justo dos alugueres seria,
no entender de José, R$ 3.000,00 (três mil reais) mensais, ao invés dos R$
5.000,00 (cinco mil reais) vigentes.
QUESTÃO: Como advogado de José, proponha a ação cabível para readequar o
valor locatício. Considere que José é domiciliado em São Paulo, no bairro da
Penha − local do imóvel −, ao passo que Juscelino é domiciliado em Campinas.
QUESTÕES PRÁTICAS
Questão nº 1
Sócrates recebeu, em pagamento de uma dívida, um cheque emitido por Platão e
endossado por Aristófanes. O cheque foi emitido em 1o de janeiro de 2005 e foi
apresentado para pagamento em 20 de janeiro do mesmo ano, na mesma praça em que
emitido. No entanto, o título voltou sem fundos, tendo sido declarada essa
condição pelo banco sacado. O cheque não foi levado a protesto no cartório
competente.
Hoje, 23 de maio de 2005, pode Sócrates mover execução, com base no cheque,
contra Aristófanes? Qual o fundamento legal?
Questão nº 2
A ação movida por Caio contra Tício baseava-se nos fatos “A”, “B” e “C”,
constitutivos do direito de Caio. Em contestação, Tício negou a ocorrência do
fato “A” e alegou a ocorrência do fato “D”, impeditivo da existência do fato
“B”, mas nada disse quanto ao fato “C”, cuja ocorrência a defesa implicitamente
admitia. Em réplica, Caio reiterou terem ocorrido os fatos “A” e “B”.
De acordo com as regras gerais aplicáveis à matéria, sobre qual das partes recai
o ônus da prova, relativamente a cada um dos fatos narrados?
Questão nº 3
Jacobino, acossado por seu credor Girondino, que ameaçava de mal maior a sua
família caso não pagasse suas dívidas, viu-se obrigado a vender a este a casa
onde residiam. Com o fruto da venda, pagou as dívidas, mas devido à pressão
exercida pelo credor a transação deu-se por preço equivalente à metade do valor
justo para o imóvel.
Jacobino pode exercer algum direito perante Girondino, para recuperar a casa ou
o valor pago? Com qual fundamento?
Questão nº 4
Arnaldo é casado com Lucrécia pelo regime de participação final nos aqüestos e
possui um apartamento adquirido anteriormente ao casamento. Arnaldo deseja
vender esse apartamento.
É necessária a concordância de Lucrécia? Por quê?
DIREITO PENAL
PONTO 1
João, casado com Semprônia, foi denunciado como incurso nas penas dos arts.
213, “caput”, e 217 do Código Penal, cada um deles combinado com o art. 226,
inciso III, do mesmo diploma legal, em concurso material. Segundo a denúncia,
João namorou Caia, virgem, de 15 anos de idade, por vários meses durante o
primeiro semestre de 2004 e, aproveitando-se de sua inexperiência e iludindo-a
com promessa de casamento, seduziu-a, conseguindo manter relações sexuais com
ela. Ainda, aproveitando-se do fato de freqüentar a casa de Caia, em dia não
esclarecido do mês de junho de 2004, mediante violência, João constrangeu a irmã
de sua namorada, de nome Tícia, de 21 anos de idade, a manter com ele conjunção
carnal, vindo a vítima a sofrer lesões corporais de natureza leve. Na delegacia,
Tícia, em relação ao fato de que foi vítima, e seus pais, quanto ao fato em que
Caia foi vítima, apresentaram representação e comprovaram ser pessoas pobres.
Foram ouvidos o acusado, que negou os fatos, e Caia, que confirmou ter sido
vítima de sedução e afirmou ter sua irmã sido vítima de estupro. Tícia não foi
localizada. João foi condenado pelo crime do art. 217 à pena de 2 (dois) anos de
reclusão, aumentado de ¼ em face da incidência do art. 226, III, do Código
Penal, totalizando a pena de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Foi
também condenado pelo crime do art. 213, “caput”, do Código Penal à pena de 6
(seis) anos, aumentada de quarta parte, totalizando a pena de 7 (sete) anos e 6
(seis) meses de reclusão. Foi fixado como regime de pena o integralmente
fechado, em razão de ser hediondo o crime de estupro. O acusado foi intimado da
sentença no dia 04.05.05 e o advogado foi intimado no dia 19.05.05.
QUESTÃO: Como advogado de João, redija a peça processual mais adequada à
sua defesa.
PONTO 2
João, já condenado por crime contra a honra em sentença transitada em
julgado praticado contra Antonio, foi acusado, mediante queixa, de ter caluniado
e injuriado Alfredo, porque, no dia 02.08.04, na presença de dois funcionários
da loja na qual Alfredo trabalhava, chamou-o de “ladrão”, afirmando, ainda, que
ele teria se apropriado de valores recebidos de clientes da loja. O fato chegou
ao conhecimento de Alfredo no dia 12.09.2004, quando este requereu a instauração
de inquérito para serem ouvidas as testemunhas do fato. Antes de encerrado o
inquérito e serem ouvidas as testemunhas, o advogado de Alfredo ingressou com a
queixa-crime no dia 02.02.05, protestando pela posterior juntada dos autos de
inquérito. Posteriormente, no dia 20.04.05, foram juntados os autos de inquérito
policial com os depoimentos das testemunhas ouvidas pela autoridade policial nos
dias 12.03.05 e 13.03.05, respectivamente. O Ministério Público se manifestou
favoravelmente ao recebimento da queixa, a qual foi recebida pelo juiz de
direito no dia seguinte.
QUESTÃO: Como advogado de João, redija a peça processual mais adequada à
sua defesa.
PONTO 3
João foi condenado por crime de roubo qualificado pelo emprego de arma às
penas de 5 (cinco) anos e 4 (quatro) meses de reclusão e multa, fixada em seus
patamares mínimos. Levou o juiz em conta na aplicação da pena mínima, entre
outras circunstâncias, a atenuante da menoridade prevista no art. 65, I, do
Código Penal, bem como o fato de o prejuízo sofrido pela vítima ter sido de
pequena monta. O processo foi anulado em sede de revisão criminal por vício de
citação. Renovada a instrução, apurou-se que o acusado era, na verdade, maior de
21 (vinte e um) anos à época do fato e que o prejuízo da vítima era bem mais
elevado do que o inicialmente apurado. Superadas as fases dos arts. 499 e 500 do
CPP, o juiz proferiu sentença condenando João às penas de 6 (seis) anos e 6
(seis) meses de reclusão e 10 dias-multa, sendo o valor de cada dia-multa fixado
em um trigésimo do salário mínimo vigente. O juiz fixou a pena privativa de
liberdade acima do mínimo, em uma única operação, em face das conseqüências
graves do crime e, ainda, porque se provou ser o réu reincidente e não lhe
beneficiar nenhuma atenuante.
QUESTÃO: Como advogado de João, redija a peça processual mais adequada à
sua defesa.
QUESTÕES PRÁTICAS
Questão nº 1
Pode, durante o processamento de recurso especial, ser iniciado o
cumprimento de pena privativa de liberdade ou de pena restritiva de direito
aplicada a acusado que respondeu o processo em liberdade?
Justifique. Considere, separadamente, as hipóteses de pena privativa e de pena
restritiva.
Questão nº 2
O Promotor de Justiça requereu arquivamento do inquérito policial porque, em
face das circunstâncias objetivas e subjetivas ligadas ao fato e ao agente, a
pena aplicável levaria à prescrição retroativa.
Como deve o juiz agir em face do requerimento formulado? Indique, se for o caso,
as alternativas possíveis para o juiz em face das orientações divergentes a
respeito do assunto.
Questão nº 3
Como deve proceder o juiz, na aplicação da pena, em caso de concurso de
causas de aumento? E em caso de concurso de causas de diminuição? Justifique.
Questão nº 4
O Brasil adotava o sistema do duplo binário.
O que significa a adoção desse sistema? Qual sistema o substituiu e qual o seu
significado?
DIREITO DO TRABALHO
PONTO 1
Sentença transitada em julgado, em sua parte dispositiva, condena o
reclamado nos seguintes termos: “...Isto posto, julgo procedente o pedido, para
condenar o reclamado a pagar ao reclamante o que se apurar em liquidação de
sentença a título de adicional de insalubridade, com reflexo em férias,
décimo-terceiro salário e FGTS, acrescido de multa de 40%...” Iniciado o
processo de execução, o reclamante apresenta cálculos de liquidação no valor de
R$ 15.000,00, a título de adicional de insalubridade, com reflexo em férias,
décimo-terceiro salário, aviso prévio, repouso semanal remunerado e FGTS,
acrescido de multa de 40%. Os cálculos feitos pelo reclamante estão corretos e o
juízo, em conseqüência, determina, de plano, a citação do reclamado, para
pagamento, fazendo-se, a seguir, a penhora, em dinheiro, do valor cobrado.
QUESTÃO: Apresente, como advogado do reclamado, a medida processual
adequada na hipótese, com indicação do fundamento legal para a medida escolhida
e do fundamento legal para a alegação a ser nela apresentada.
PONTO 2
Ajuizada ação rescisória, o relator designado, considerando não haver sido
juntada à petição inicial, certidão de trânsito em julgado da decisão
rescindenda, indefere liminarmente o pedido.
QUESTÃO: Apresente, como advogado do autor, a medida processual adequada,
com indicação da linha de argumentação a ser desenvolvida.
PONTO 3
Profere o Tribunal Regional do Trabalho acórdão em recurso ordinário em que,
depois de analisar as provas produzidas em audiência e interpretar o teor de
cláusula do contrato de trabalho, condena empregado a ressarcir empregador pelos
prejuízos causados por conta de destruição de equipamento de trabalho, com juros
e correção monetária.
QUESTÃO: Como advogado do empregado, apresente a medida processual
adequada.
QUESTÕES PRÁTICAS
Questão nº 1
A quem cabe pagar as custas quando a ação trabalhista ajuizada pelo
empregado em face do empregador é julgada parcialmente procedente? Justifique
sua resposta.
Questão nº 2
É possível alterar norma interna da empresa que estabelece até 15 minutos de
tolerância em relação ao horário de trabalho, a fim de estabelecer padrão mais
rigoroso, de tolerância de somente 10 minutos, tendo em conta o que dispõe o
art. 58, § 1o, da CLT? Justifique sua resposta.
Questão nº 3
Advogado empregado, eleito dirigente do Sindicato dos Advogados, pode ser
dispensado sem justa causa da Faculdade de Direito em que, como professor,
leciona prática forense? Por quê?
Questão nº 4
O empregado que, contratado como garçom, recebe mensalmente gorjetas em
montante correspondente a não menos do que R$ 1.000,00 pode ainda cobrar de seu
empregador o pagamento do salário mínimo? Justifique sua resposta.
DIREITO TRIBUTÁRIO
PONTO 1
Em sede de Execução Fiscal ajuizada pela Fazenda do Estado de São Paulo
perante o Juízo de Direito da Vara das Execuções Fiscais da Comarca de São
Paulo, a Distribuidora Igreji Ltda. foi surpreendida, na última sexta-feira, por
o Juiz de Direito haver determinado a expedição de ofício ao Banco Central,
requisitando informações sobre a existência de ativos financeiros em nome da
executada, com o bloqueio e transferência, em caso positivo, das quantias ou
importâncias depositadas até o limite do débito exeqüendo. A referida ordem foi
dada não obstante a existência de penhora, no próprio processo, de bens imóveis
na Capital, acolhendo manifestação da Exeqüente. Com efeito, esta informou nos
autos que quando aceitara a primeira penhora, não havia notícia de que os
referidos bens não despertariam o interesse de eventuais arrematantes,
inexistindo razão para procurar outros bens já que é notório que a atividade da
Executada implica grande movimentação financeira, permitindo rápida e eficaz
garantia do crédito tributário. Ademais, segundo se argumenta na decisão, ao
nosso ordenamento não arrepia a penhora de faturamento, em tudo semelhante ao
bloqueio de contas bancárias, exceto pelos entraves burocráticos que a primeira
impõe. A referida Distribuidora depende de recursos financeiros para a sua
atividade, já não dispondo de crédito na praça.
QUESTÃO: Na qualidade de advogado da Distribuidora Igreji Ltda., tome a
medida judicial cabível para permitir que ela possa movimentar livremente seus
recursos.
PONTO 2
A Telecelular S/A, sediada na Capital do Estado de São Paulo, onde opera
serviços de telefonia móvel, impetrou Mandado de Segurança preventivo, perante o
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, visando a não ser constrangida ao
pagamento de ICMS sobre o valor cobrado de seus assinantes a título de
habilitação do aparelho móvel celular, baseando-se no Convênio ICMS no 69/98,
que dispõe a esse respeito. O acórdão recentemente proferido pelo Tribunal
denegou a ordem, alegando que o legislador ordinário pode definir prestação de
serviços de comunicação, para efeitos tributários, e o Secretário de Estado da
Fazenda, executor da política tributária e financeira do Estado, pode determinar
a imposição tributária em relação ao fato gerador estabelecido no Convênio ICMS
no 69/98. Além disso a definição de serviços de telecomunicações (art. 60, Lei
no 9.472/97) não impede a compreensão da habilitação como uma de suas
modalidades, se o respectivo serviço é justamente o conjunto de atividades que
possibilitam a respectiva oferta. Ademais, não há razão para não se dar à
habilitação o tratamento tributário dos serviços de comunicação a ela
relacionados.
QUESTÃO: Na qualidade de advogado da Telecelular S/A, apresente o recurso
cabível contra a decisão, com os fundamentos jurídicos para sustentar a não
incidência do ICMS sobre a taxa de habilitação dos aparelhos móveis celulares.
PONTO 3
A Cooperativa Mista Dos Produtores Rurais Do Estado De São Paulo impetrou
ação anulatória de débito em que contende com a Fazenda Pública do Estado de São
Paulo, na qual buscava o cancelamento de crédito tributário decorrente de auto
de infração lavrado em seu desfavor, por transportar 12.300 kg. de queijo prato,
com o acobertamento de nota fiscal de valor aquém da pauta mínima estabelecida
na região. O Juiz de primeiro grau julgou improcedente o pedido. Aviado recurso
de apelação, o Tribunal a quo manteve a sentença, em Acórdão publicado há dez
dias, argumentando que:
a) “Ocorrendo o fato gerador na saída da mercadoria, a base imponível (base de
cálculo), a ser considerada, é a existente quando da aludida saída. Se tal base
de cálculo for inferior à da pauta de valores já vigente, é possível sua
aplicação”;
b) “O art. 148 do CTN, bem como os artigos 2o, II, do Decreto-lei no 406⁄1968 e
8o, I , do Convênio ICMS 66⁄88 possibilitam ao Fisco valer-se de arbitramento
para estabelecer valores”;
c) “Há previsão legal no Estado de São Paulo para a utilização de pauta de
valores, podendo o Fisco valer-se dela sempre que o preço declarado pelo
contribuinte for consideravelmente inferior ao de mercado”;
d) “Não há qualquer incompatibilidade das pautas com a CF⁄88, pois sua
utilização não importa em aumento de tributo (art. 97, I, do CTN), mas, como já
dito alhures, em adequação da base imponível sobre a qual incidirá a alíquota”.
QUESTÃO: Na qualidade de advogado da Cooperativa, apresente o recurso
cabível, visando à reforma do acórdão acima referido.
QUESTÕES PRÁTICAS
Questão nº 1
A Santa Casa de determinada localidade, entidade assistencial sem fins
lucrativos, é detentora de um imóvel, na região central da cidade, no qual
exerce atividade hospitalar a pessoas carentes, e explora parte de seu terreno
como estacionamento, em benefício de suas finalidades. Para obter recursos de
maior monta, promoveu campanha de rifas, dando ao vencedor o direito de uso do
terreno do estacionamento, por um ano, sem qualquer ônus. O ganhador resolveu
utilizar o referido terreno para estacionamento de seus familiares. No início do
ano foi notificado pela Prefeitura Municipal para pagar o IPTU, sendo
considerado contribuinte, na qualidade de possuidor do imóvel a título de
direito de uso (art. 34 do CTN). É devido o IPTU nas circunstâncias relatadas?
Fundamente a sua resposta.
Questão nº 2
O Armazém San Genaro Ltda. foi autuado em virtude de não haver recolhido
ICMS sobre reajuste de preço, em venda interestadual, ocorrido após a remessa
das mercadorias. Em sua defesa, alegou o contribuinte que o reajuste de preço
foi acertado com seu cliente após a saída da mercadoria e até mesmo depois de a
mercadoria ter entrado no estabelecimento destinatário, sendo, pois, fato
posterior ao surgimento da obrigação tributária. Segundo o contribuinte, o valor
do reajuste poderia estar sujeito à tributação no Estado onde já se encontrava a
mercadoria por ocasião do pagamento do reajuste. Procedem os argumentos do
contribuinte? Por quê?
Questão nº 3
Dois professores de inglês cobram de seus alunos valores idênticos. Nenhum
deles possui dependentes nem efetua gastos com previdência social ou educação.
Cada um deles possui cinco alunos e recebe, de cada aluno, a quantia de R$
1.000,00 (mil reais). Um deles ministra aulas a cinco pessoas físicas
diferentes, enquanto o outro é contratado por cinco pessoas jurídicas diversas,
para dar aulas aos respectivos diretores presidentes. No final de cada mês, eles
constatam que um deles possui maior recurso em caixa, depois de atendidas as
obrigações tributárias do mês, que o outro. Identifique qual dos contribuintes
possui maior recurso em caixa, explicando a diferença.
Questão nº 4
A AUTOLÁ S/A, sociedade que se dedica ao comércio de automóveis tem o
capital social detido, em iguais proporções, por:
(i) pessoa jurídica sediada no País, tributada pelo lucro real e cujo
faturamento anual é de R$ 100.000,00 (cem mil reais), e
(ii) por sociedade residente em país com tributação favorecida (paraíso fiscal).
No ano base de 2004, a AUTOLÁ S/A pagou o imposto de renda pela sistemática de
tributação do lucro real, apresentando no respectivo ano faturamento de R$
6.000.000,00 (seis milhões de reais). As receitas da sociedade decorrem
exclusivamente do comércio de automóveis no País. No início do ano de 2005, a
AUTOLÁ S/A pretende analisar a alteração dessa sistemática com o fim de pagar
menos IR e consulta-o a respeito da tributação pelo lucro presumido.
Exclusivamente do ponto de vista da legislação do imposto de renda, é possível a
opção pelo lucro presumido?