De forma contundente, a Secretária-Geral Adjunta da OAB SP, Dione Almeida, defendeu o tema "Diversidade e Inclusão para Sustentabilidade dos Negócios". A explanação feita na IX Conferência Internacional de Direitos Humanos, na tarde de ontem (23), abordou como a falta de diversidade de gênero e raça é excludente. "Quando pensamos que gênero e raça são essenciais para a diversidade, entendemos que essas duas construções frequentemente nos colocam em desvantagem, nos tirando do jogo”, falou.
A Conferência acontece nos dias 23 e 24, no Expo D. Pedro, na cidade paulista de Campinas. A participação de Dione fez parte do painel 3, destinado às discussões sobre Empresas, Recursos Humanos e Tecnologia.
Em sua palestra, a secretária-adjunta da Secional paulista destacou a importância crucial da diversidade para o sucesso e a sustentabilidade das empresas modernas. Ela enfatizou que a inclusão genuína de mulheres, pessoas negras, indígenas e pessoas com deficiência não é apenas um compromisso ético, mas uma estratégia vital para o crescimento e a sustentabilidade dos negócios.
A integrante da diretoria da OAB SP comentou sobre as barreiras que ainda existem para grupos sub-representados no mercado de trabalho, afirmando que "gênero e raça são dois marcadores que determinam os lugares onde nós podemos nos sentar”. Dione indicou que esses marcadores “influenciam quem é o primeiro a ser demitido e o último a ser contratado”, refletindo as desigualdades estruturais presentes nas empresas e na sociedade.
A palestrante propôs a implementação de cotas para mulheres negras como uma maneira de alinhar os esforços empresariais com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). "Não temos uma ODS que trate especificamente de gênero e raça. Isso diz muito sobre um sistema que finge que nos inclui", criticou. E apontou a necessidade de ações mais concretas e inclusivas.
Almeida também mencionou que a diversidade traz benefícios tangíveis para as empresas, incluindo a diminuição de riscos, otimização de recursos e aumento da produtividade. "Quanto mais diferentes pessoas compor um time, mais difícil errar," explicou, ressaltando que um grupo diversificado tem mais chances de alcançar seus clientes, que também são diversos.
Ela enfatizou que investir em diversidade fortalece a reputação das empresas e atrai talentos. "Empregados que chegaram ao ponto de escolher onde querem trabalhar, não querem trabalhar em empresas que não tem políticas para diversidade”, afirmou. E lembrou que os investidores estão cada vez mais usando métricas de diversidade e inclusão como guia para suas decisões de investimento, reforçando a importância desse compromisso.
A Secretária-Geral Adjunta da OAB SP concluiu sua exposição citando Steve Jobs que, ao criar o primeiro computador, já considerava a diversidade ao reunir um time composto por filósofos, engenheiros, matemáticos e designers. “Nos Estados Unidos, pelo menos 56% dos profissionais de tecnologia da Apple atualmente são de comunidades sub-representadas, um aumento significativo em comparação aos 44% de cinco anos atrás”, frisou.
Além de Dione Almeida, também fizeram parte do painel Ronaldo Lemos, Professor da Universidade de Tsinghua/Pequim, que defendeu o tema “As ideologias da Inteligência Artificial e os Direitos Humanos; Renan Mendonça, Diretor Executivo Águas do Rio/Aegea, que falou sobre Impacto e Responsabilidade Social: O Papel das Empresas Privadas na Garantia de Direitos Fundamentais; Siobhan Wills, Diretora do Programa de Justiça de Transição da Universidade de Ulster da Irlanda do Norte, que discorreu sobre Guerras Agroecológicas no Brasil: O Caso do Maranhão - com exibição do filme Lutamos por essa Terra, ao lado de Cahal McLaughlin Professor de Estudos de Cinema na Queens University Belfast do Reino Unido.
