OAB SP entrega Prêmio Benedicto Galvão 2015
02/12/2015
- Maria Aparecida Pinto, licenciada em Psicologia e história da África e do Negro no Brasil, discursou em nome dos homenageados
Na opinião de Maria Aparecida, o episódio reforçou o quanto a luta contra o racismo é necessária. Ações de reconhecimento de personagens que atuam contra a discriminação racial também são capazes de promover “o resgate da dignidade humana e mostrar a riqueza da diversidade” e dar “resposta aos racistas”. Recentemente, a OAB reconheceu o legado de Luiz Gama, entregando o título póstumo de advogado para seu bisneto. Essa é a quarta edição do Prêmio Benedicto Galvão e “a OAB SP deve continuar, este Prêmio é imorredouro e representa o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido”. A avaliação positiva da vice-presidente da OAB SP, Ivette Senise Ferreira, se estende à Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil, dirigida por Sinvaldo José Firmo.
A presidente da Comissão de Igualdade Racial entendeu estar diante de uma “nova geração de militantes contra o racismo”, ao olhar para o hall de homenageados. Carmen Dora de Freitas Ferreira acredita que “cada um dos premiados vai deixar um legado ao continuar lutando até que a verdadeira cultura de paz se torne realidade: a obra da Justiça é a paz!”
O Prêmio Benedicto Galvão leva o nome do primeiro presidente negro da OAB SP e reconhece o esforço de pessoas que colaboram de maneiras distintas. A solenidade de entrega das estatuetas foi realizada na antiga sede da OAB SP, na Praça da Sé, na noite de 20 de novembro. A escolha dos homenageados é feita pela Comissão de Igualdade Racial. A solenidade deste ano contou com a apresentação da Filarmônica Afro Brasileira, sob a direção artística e musical do maestro Josoé Polia.
Também receberam o Prêmio Benedicto Galvão 2015: Umberto Luiz Borges D’Urso, diretor do Departamento de Cultura e Eventos da OAB SP e conselheiro Secional; Deise Benedito, advogada e presidente da Fala Preta Organização de Mulheres Negras; Silvio Luiz de Almeida, advogado e diretor-presidente do Instituto Luiz Gama; Dagoberto José Fonseca, livre docente em antropologia brasileira pela Faculdade de Ciências e Letras; Eduardo Ferreira Valério, coordenador do Núcleo de Políticas Públicas da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de São Paulo; Aurea Celeste da Silva Abbade, administradora de empresas e mestranda em acesso a Justiça e Função Social do Direito na Fadisp; Douglas Belchior, educador no Movimento União de Núcleos de Educação Popular para Negras(os) e Classe Trabalhadora (Uneafro - Brasil); Reverendo Antonio Olímpio Santana; Eduardo Pereira da Silva, advogado; Antonio da Silva Pinto, jornalista, administrador de empresas e pós-graduado em Educação Superior e Maria Júlia Coutinho, jornalista.
O primeiro presidente negro da OAB SP
- Carmen Dora de Freitas Ferreira, presidente da Comissão de Igualdade Racial, e Ivette Senise, vice-presidente da OAB SP, entregam o prêmio Benedicto Galvão para Umberto Luiz Borges D´Urso, diretor do Departamento de Cultura e Eventos
Benedicto Galvão dirigiu a OAB SP entre 1940 e 1941, durante o afastamento de Noé Azevedo. Formado na Faculdade de Direito de São Paulo (1907), Galvão foi um dos primeiros negros a integrar os bancos acadêmicos da instituição, selando uma trajetória de ascensão social por meio do estudo e desenvolvimento intelectual.
Nascido em Itu (SP), em 1881, ainda criança veio para a capital para estudar, patrocinado por Alfredo Pujol, secretário do Interior do governo do Estado. Benedicto Galvão passou pela Escola Normal da Praça da República e trabalhou como auxiliar de escritório e professor nos bairros da Bela Vista e Liberdade. Uma rua da Vila Santa Isabel, na Zona Leste de São Paulo, leva o seu nome.
Como advogado, fez parte banca do escritório Alfredo e Ernesto Pujol e do Instituto dos Advogados do Estado de São Paulo. Na OAB SP ainda colaborou como membro da Comissão de Disciplina, atual Tribunal de Ética e Disciplina.