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30 de abril de 2024 - terça

Evento na OAB SP reúne personagens e sentimentos das Diretas Já em debates sobre democracia

Para a ministra Cármen Lúcia a democracia é frágil e precisa ser cuidada todos os dias

Da esquerda para direita: Eunice Prudente, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, Fafá de Belém, Patricia Vanzolini e Oscar Pilagallo. Foto: Mateus Sales/ OAB SP


Juristas, artistas, políticos, jornalistas e personalidades estiveram reunidos na sede da OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo), nesta segunda-feira (29), em uma tarde de reflexão sobre o maior movimento popular da história do Brasil, as Diretas Já.

A credibilidade e imparcialidade da OAB SP colocou a Instituição como o grande protagonista dos atos de 1984, e levou a Ordem a ser escolhida para presidir o Comitê Suprapartidário organizador das Diretas Já.

As manifestações que reivindicavam o direito ao voto direto para presidente da República ganharam as ruas do país, colocaram o povo de volta ao poder e demarcaram o fim da ditadura militar.

Presidente da OAB SP, Patricia Vanzolini. Foto: Mateus Sales/ OAB SP

Na abertura do “Seminário Folha: 40 Anos do Movimento Diretas Já”, promovido pela Folha de S.Paulo em parceria com a OAB SP, a presidente da Ordem paulista, Patricia Vanzolini, destacou que a comemoração também é um movimento para olhar o  futuro.“Este não é um evento para olhar só para trás, mas para olhar o presente, porque em 40 anos a democracia mudou e precisamos discutir sobre o que significam essas mudanças”, destacou Vanzolini.

Os debates tiveram a mediação do jornalista Oscar Pilagallo, autor do livro “O girassol que nos tinge”, que faz um retrato detalhado do movimento. O primeiro painel, intitulado “Democracia no Século 21: Novos Caminhos para a Participação Popular”, discutiu os avanços necessários para a conquista da democracia e como motivar a participação popular e teve como participantes Luis Felipe Miguel, professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília e coordenador do grupo de pesquisa sobre democracia e desigualdades (Demodê); Christian Perrone, pesquisador do Instituto Tecnologia e Sociedade (RJ); Nelsa Nespolo, fundadora da cooperativa de economia solidária Justa Trama; e Valdecir Nascimento, graduada em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Mestre em Educação pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e Fundadora do Odara, rede feminista negra.

Já o segundo painel discutiu o tema “Democracia com Direitos e o Papel do Judiciário” e debateu um dos pilares centrais da democracia: a garantia de direitos fundamentais. O assunto foi debatido por Oscar Vilhena, professor da FGV Direito, colunista da Folha e membro do conselho do Conectas; Eunice Aparecida de Jesus Prudente, professora sênior da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo; e Leonardo Sica, vice-presidente da OAB SP.

Ministra Cármen Lúcia. Foto: Mateus Sales/ OAB SP

Entre os convidados do segundo painel também estava a ministra Cármen Lúcia, que comparou a democracia a uma planta. “É o fruto da liberdade e da igualdade que será assegurado por essa planta, mas ela é frágil, a gente tem que cuidar dela todo dia. Porque a erva-daninha, que é a tirania, o despotismo e toda forma de ditadura, é fácil de acontecer”, afirmou.

Para reviver os sentimentos das manifestações de 40 anos atrás, o evento foi encerrado com relatos cheios de emoção, feitos por figuras marcantes das Diretas Já e o Hino Nacional, cantado por Fafá de Belém, a grande voz do movimento. Além da presidente da OAB, Patricia Vanzolini o encerramento contou com a presença do jornalista Ricardo Kotscho, considerado o “repórter das Diretas”; a cantora Fafá de Belém, uma das principais vozes do movimento; a atriz Christiane Tornoli; o colunista Juca Kfouri; o ministro do Trabalho de João Goulart e vice-governador de São Paulo (1987-1990), Almino Affonso; o presidente da OAB SP entre 1987 e 1991, Antônio Claudio Mariz de Oliveira; e o mediador Oscar Pilagallo.
 


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