Advocacia Trabalhista

06 de maio de 2025 - terça

ESA OAB SP reúne especialistas para discussão sobre suspensão de ações de trabalho sobre pejotização

Tema faz parte da recente iniciativa da escola, de promover debates de interesse para a advocacia e sociedade

A suspensão dos processos trabalhistas sobre ‘pejotização’ pelo STF foi tema de encontro promovido na ESA OAB SP


Motivada pela recente decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que suspendeu a tramitação de todos os processos que discutem a existência de fraude em contratos de prestação de serviço, a ESA OAB SP (Escola Superior de Advocacia) realizou, na última segunda-feira (5), mais um evento “Temas Controvertidos e Contemporâneos – Suspensão dos Processos Trabalhistas sobre Pejotização do STF”. “Cabe aqui na nossa escola trazer colegas que trabalham e atuam sobre isso, e que podem trazer uma percepção mais crítica e substancial deste assunto que realmente é absolutamente instigante”, destacou a diretora da ESA OAB SP, Daniela Libório.

Libório, que abriu o evento, reforçou alguns aspectos que merecem a atenção de todos sobre o tema. “Um deles é a insegurança jurídica que a decisão do ministro Gilmar Mendes provoca. A interrupção de milhares de processos trabalhistas é uma afronta sob a perspectiva da própria competência da Justiça do Trabalho”, pontuou. A diretora da ESA OAB SP também trouxe à tona a importância de um olhar nacional para o assunto, visto que vivemos em um país de muitas desigualdades. “Uma das pontas são as relações trabalhistas, que sempre se mostraram muito complexas e difíceis para a população trabalhadora”, disse.

Professores e especialistas presentes reforçaram a competência da Justiça do Trabalho para a análise e decisão de ações trabalhistas

Em relação às disparidades vividas pelos trabalhadores brasileiros, a advogada especialista em atuação nos Tribunais Superiores, Líbia Alvarenga de Oliveira, observou que, talvez, o brasileiro ainda não esteja preparado para escolher o regime de trabalho que quer trabalhar. “Temos que pensar nas consequências da normatização de outras formas de trabalho que não sejam CLT. Como fica um empregado que escolheu o regime PJ e sofre um acidente de trabalho? Como ele é assistido pela Previdência? Será que o STF está pensando nas consequências nefastas, tanto fiscais como previdenciárias, desta normalização de outras formas de trabalho?”, disse.

A mestre em Direito das Relações Sociais, Daniela Mucilo, afirmou que o impacto da recente decisão do ministro afeta a todos. “Nos impacta sob o ponto de vista como advogados que somos, defendendo nossos clientes, mas também como profissionais e colegas que trabalham como pessoa jurídica e não mais no regime celetista”, apontou. A advogada também trouxe dados recentes de ações distribuídas na Justiça do Trabalho. Em 2024, foram 285.055 e, só em 2025, já foram 53 mil processos discutindo a pejotização.

Para o professor da ESA OAB SP, Carlos Augusto Marcondes Monteiro, o tema é multidisciplinar e vai além da competência do Direito do Trabalho. “A discussão aqui não é se é a favor ou contra PJ. Nós somos contra a fraude, a relação fraudulenta. Evidentemente, e o Supremo já disse isso, que se uma relação de pessoas contratual, de autônomos, sem vícios de consentimento, sem a fraude, sem lesão do Artigo 157, do Código Civil, é válida. Agora, equiparar uma relação fraudulenta a isso, como se fosse a mesma coisa, este que vem sendo o problema”, manifestou.

Os professores convidados foram unânimes ao defenderem a Justiça do Trabalho como o órgão competente para a análise e julgamento das ações trabalhistas. Sobre isso, chamaram os presentes para uma manifestação que ocorrerá na próxima quarta-feira (7), em frente ao Fórum da Barra Funda, às 12h. A Mobilização Nacional em Defesa da Competência Constitucional da Justiça do Trabalho contará com a participação e apoio da OAB SP. “Aos poucos, a Justiça do Trabalho vem se esvaziando e eu acho muito importante essa manifestação agora do dia 7, porque se não fizermos nada, a tendência é extinguir a Justiça do Trabalho em poucos anos”, destacou Oliveira.

Também estiveram presentes no debate o professor da ESA OAB SP,  Fabiano Zavanella, e a vice-presidente da Comissão de Direito Tributário da Subseção Santana, Priscila Nunes Rigonati.


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