
No mês dedicado à celebração do Dia Internacional da Mulher, a advocacia paulista tem muito a comemorar. A presença feminina no Direito cresce a cada ano, consolidando uma trajetória marcada por talento, inovação e conquistas. Atualmente, as mulheres representam mais da metade dos quase 390 mil inscritos na OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo), um reflexo do empenho e da determinação de gerações que transformaram a profissão.
O avanço das advogadas se reflete não apenas nos números, mas na diversidade de atuações e na influência cada vez maior no cenário jurídico. Segundo a Pesquisa Perfil do Advogado OAB SP, as mulheres estão fortemente presentes em diversas áreas, ampliando sua atuação e trazendo novas perspectivas para o exercício da advocacia.
Áreas de atuação e protagonismo feminino
A advocacia feminina tem grande representatividade em diversas áreas do Direito. Um segmento que se destaca é o Direito Civil, que concentra 56,31% das mulheres que exercem a profissão. Outras áreas de atuação com forte presença feminina são o Direito Trabalhista (29,61%), o Direito de Família (19,42%) e o Direito Previdenciário (14,32%).
Há, ainda, outros campos em ascensão, como Direito Empresarial, Direito Digital, Direito Público e Direito Internacional, onde as advogadas têm desempenhado um papel fundamental, implicando o alcance da advocacia e fortalecendo a segurança jurídica.
"A advocacia feminina tem crescido e se consolidado em diversas frentes, e isso se reflete nas conquistas que estamos alcançando. As mulheres estão cada vez mais presentes na liderança, na produção de conhecimento e na formulação de políticas públicas. Ainda há desafios, mas seguimos avançando com talento, determinação e um olhar inovador sobre a profissão", ressalta Maíra Recchia, presidente da Comissão das Mulheres Advogadas da OAB SP.
A busca por mais equidade e oportunidades
Embora as mulheres tenham conquistado espaço e respeito na advocacia, desafios ainda precisam ser enfrentados. O mercado jurídico ainda demanda uma mudança cultural para garantir que as advogadas tenham as mesmas oportunidades de ascensão, remuneração e reconhecimento que seus colegas.
"Ser mulher advogada em uma sociedade de advogados inspira maior responsabilidade. Somos mais cobradas, algumas vezes mais enfrentadas e, na trajetória de trilhar um caminho de sucesso dentro da profissão, somos obrigadas a nos impor duplamente para demonstrar o óbvio: competência e talento não vêm dentro de ternos, gravatas e abotoaduras", afirma a presidente da Comissão.
A equidade salarial, a divisão equilibrada de oportunidades e o respeito ao papel das mulheres na advocacia são pontos centrais dessa discussão. Para isso, iniciativas voltadas ao fortalecimento das advogadas têm ganhado espaço dentro da OAB SP.
“Embora a maioria das mulheres ainda receba menos quando comparadas aos homens, o que demonstra uma disparidade de rendimentos entre os gêneros, esse cenário vem sendo enfrentado. A OAB SP, com sua política de inclusão e equidade de gênero e raça, é exemplo para a sociedade brasileira de que ações afirmativas funcionam e transformam os ambientes para melhor”, acrescenta Recchia.
Conquistas e avanços ao longo da história
Além das conquistas de direitos importantes ao longo da história, em especial após a promulgação da Constituição de 1988, que incluiu a igualdade de gênero como princípio fundamental, a advocacia feminina obteve avanços significativos nos últimos anos. A aprovação da Lei nº 13.363/2016, que incluiu o art. 7º-A, relativo aos direitos da advogada gestante, lactante ou adotante, ao Estatuto da Advocacia e da OAB (EAOAB) foi um divisor de águas nas prerrogativas da mulher advogada. Em 2023, a aprovação da Lei nº 14.612/2023, que altera o EAOAB, para classificar o assédio moral, assédio sexual e outras formas de discriminação como infração ético-disciplinar também é motivo de comemoração. Além disso, as listas paritárias na formação do Quinto Constitucional tenta corrigir disparidades entre os gêneros em outras esferas de poder.
Em termos de representatividade, cabe destacar a eleição, em 2021, de Patricia Vanzolini como a primeira mulher presidente na história de mais de 90 anos da OAB SP. Vanzolini ainda compõe, ao lado de Dione Almeida e Silvia Souza, uma bancada de titulares 100% feminina representando São Paulo no Conselho Federal da OAB.
O futuro da advocacia feminina
O crescimento expressivo das mulheres no Direito não é apenas uma tendência, mas uma realidade consolidada. Com mais da metade da advocacia paulista formada por mulheres, a perspectiva para o futuro é ainda mais promissora. A presença feminina nos tribunais, nos grandes escritórios, nos departamentos jurídicos e nas lideranças institucionais seguirá ampliando e transformando a profissão.
O reconhecimento da advocacia feminina como uma força essencial para o desenvolvimento do Direito no Brasil é um passo importante para consolidar um ambiente mais equilibrado e inclusivo.
Neste mês especial, a OAB SP reafirma o compromisso com a valorização da mulher advogada e com o fortalecimento de um ambiente jurídico onde todas tenham espaço para crescer, liderar e fazer a diferença. Afinal, a advocacia feita por mulheres não é apenas uma parte da profissão – ela é essencial para o avanço e a justiça da sociedade como um todo.