
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Paulo (OAB SP) encaminhou ofício à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, manifestando profunda preocupação diante da divulgação de um vídeo pelo 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP), sediado em São José do Rio Preto, que retrata policiais militares perfilados diante de uma cruz em chamas, com o braço em riste. A encenação remete a símbolos e gestos associados à organização supremacista branca norte-americana Ku Klux Klan e à saudação nazista, o que torna o episódio ainda mais grave do ponto de vista simbólico e institucional.
No documento, assinado pela presidência da Seccional, pela Comissão Especial de Segurança Pública, pela Comissão Permanente de Direitos Humanos e pela Comissão Permanentde Diversidade Sexual e de Gênero, a OAB SP destaca que a composição ritualística não remete a qualquer treinamento militar reconhecido, e que tais símbolos estão consolidados historicamente como representações de ideologias racistas, homofóbicas, antissemitas e xenofóbicas. A Ordem reforça que não é suficiente que o Estado se abstenha de práticas ilegais, devendo atuar ativamente pela promoção da cultura de paz, dos direitos humanos e da valorização das diferenças.
O ofício ressalta o grave teor de violência simbólica contido no episódio e convoca o Estado a reconhecer o impacto institucional do ocorrido, adotando providências que interrompam a perpetuação de práticas e símbolos incompatíveis com a democracia e com a dignidade da pessoa humana. A OAB SP solicita a apuração rigorosa dos fatos e coloca-se à disposição para colaborar com ações de formação e promoção da diversidade junto às forças de segurança.
Atualização do caso
Após a repercussão nacional, o Ministério Público de São Paulo notificou formalmente o comandante do 9º BAEP, instaurando investigação preliminar e fixando prazo de dez dias para apresentação de esclarecimentos. A Polícia Militar, por sua vez, declarou que o vídeo integrava um ritual de encerramento de curso e visava simbolizar a superação de desafios físicos e psicológicos — negando qualquer intenção de associação ideológica. Ainda assim, o conteúdo foi rapidamente retirado das redes após a publicação.
A OAB SP segue acompanhando os desdobramentos do caso, reiterando seu compromisso com a defesa dos direitos fundamentais, com a legalidade e com o respeito à pluralidade que compõe a sociedade brasileira.