Mês da Advocacia

27 de agosto de 2025 - quarta

A trajetória da advocacia: da escolha à consolidação

Diferentes gerações compartilham os desafios e aprendizados de quem optou pela profissão


A advocacia é construída por fases — com sonhos, dúvidas, conquistas e constante aprendizado. O que leva alguém a escolher essa carreira? Como é dar os primeiros passos? E o que sustenta essa trajetória ao longo de décadas? Para marcar o mês da advocacia, reunimos quatro personagens que representam pontos diferentes dessa caminhada. Das histórias de quem ainda sequer terminou a faculdade a alguém prestes a completar 50 anos de carreira, é possível enxergar não apenas a diversidade de experiências, mas também o elo que une todos que escolhem o Direito como instrumento de transformação.

Para Fernanda Cocelli, estudante do 9º período, o ponto de partida foi um sonho. Literalmente. Sonhou com o avô, advogado negro e referência familiar, e decidiu o que queria para o futuro. Desde então, carrega consigo a convicção de que a missão da advocacia também é dar voz a quem quase nunca é ouvido. “Espero não perder esse brilho no olho que a gente tem quando está na faculdade, de lutar pela Justiça, pelas pessoas e, de fato, ajudar de alguma forma a sociedade”.

Esse mesmo senso de propósito se transforma em ação no momento de enfrentar a realidade da profissão. Inscrita há dois anos e meio na OAB SP, Lohraine Fonseca vivenciou os desafios da transição entre a sala de aula e a prática. Primeira advogada da família e atuante na área trabalhista, percebeu que o networking, a conexão com outros profissionais e a proximidade com a Ordem são fundamentais para o jovem advogado.

“Isso vai gerando mais oportunidades e faz com que evolua o nível da sua advocacia”, conta. “É muito importante estar na OAB e participar de eventos. É a oportunidade de ser visto, lembrado e se destacar no mercado. Hoje, sou vice-presidente da Comissão da Jovem Advocacia da OAB Tatuapé e só consegui isso através da minha disponibilidade em fazer trabalhos que a OAB precisa que o advogado faça”.

Na trajetória de Erick Medeiros Bannwart, advogado de Pirajuí, no Interior paulista, e que já tem uma trajetória de mais de uma década de atuação, a lição mais importante foi aprender a respeitar o tempo da advocacia. “De início, a gente tem uma visão imediatista. Acha que a carreira vai deslanchar rápido, mas não é assim. É persistir. Ter resiliência e, acima de tudo, paciência.”

Para ele, a carreira deve ser construída com dedicação e ética. Aprendeu cedo que não se promete vitória, mas muito empenho. Foi com esse princípio que, na área do Direito Digital, sempre defendeu seus clientes. “Uma visão que eu tenho é que, por meio da advocacia, você coloca o seu cliente em pé de igualdade contra qualquer outro gigante. Tive casos contra as chamadas Big Techs, empresas multimilionárias e, judicialmente, você está em pé de igualdade com elas. Ver alguém que se achava pequeno ganhar de uma gigante é uma das maiores recompensas que a advocacia pode dar”, relata.

Decano do Conselho da OAB SP, Ademar Pinheiro Santos completa, justamente neste mês da advocacia, 50 anos de inscrição na Ordem. Viu o mundo e o Direito se transformarem e nunca deixou de acompanhar essas mudanças. O que não mudou foi a satisfação de seguir exercendo a profissão que escolheu para a vida. “O que me motiva a continuar na advocacia é meu conhecimento, a experiência e a paixão pelo Direito. Particularmente, me mantenho engajado na defesa das prerrogativas e da profissão”, relata.

Com a autoridade de décadas de experiência, ele destaca o que espera ver da nova geração de advogados e daqueles que ainda vão escolher esse caminho. “Com o papel da nova legislação de advocacia, vejo que ela deve fortificar a instituição e os compromissos e laços existentes para que a sociedade sinta o valor do advogado, sua força na proteção dos direitos e na defesa da sociedade. Estudar sempre e especializar-se sempre”, finaliza Santos.


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