
A conselheira federal Patricia Vanzolini e a presidente da Comissão das Mulheres Advogadas da OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo), Maíra Recchia, participaram do painel “Liderança Feminina na Advocacia e os Desafios da Ascensão”, que encerrou o “C Law Experience”, na última terça-feira (10), em São Paulo. O encontro promoveu um debate potente e inspirador sobre a presença feminina nos espaços de liderança e os caminhos para romper barreiras estruturais no universo jurídico.
O painel reuniu oito advogadas que são referência na luta por equidade de gênero nos escritórios e no sistema de Justiça. Representando a OAB SP, Patricia Vanzolini e Maíra Recchia compartilharam experiências e destacaram as ações concretas da entidade para fortalecer a representatividade feminina.
“Hoje estamos no nosso melhor cenário de representatividade feminina no interior do estado de São Paulo, com 76 presidentas de Subseção, de 257 no total. Achamos muito importante fomentar essa liderança e, por essa razão, criamos o evento Elas na OAB SP, para também fazer um olhar para dentro da instituição, para que as mulheres possam conhecer o Sistema Ordem, suas políticas e Comissões”, explicou Maíra Recchia.

Ela também mencionou outras iniciativas da OAB SP que demonstram o compromisso com a equidade de gênero: a política de paridade de gênero no Conselho Secional e nas Comissões, a criação da Ouvidoria das Mulheres Advogadas, o programa Advocacia Sem Assédio e a atual bancada 100% feminina da OAB SP no Conselho Federal da OAB.
Patricia Vanzolini destacou que ainda há preconceitos profundamente enraizados no sistema de Justiça. “Um desembargador disse esta semana que a mãe é a empregada mais barata que o pai pode ter para cuidar dos seus filhos. Precisamos ter consciência de que o patriarcado é um sistema político e econômico baseado na opressão das mulheres — e isso é voluntário e consciente há mais de mil anos”, afirmou Vanzolini. “Isso demonstra a importância de termos mais mulheres no Judiciário”, completou Maíra Recchia, ressaltando a iniciativa pioneira da OAB SP de adotar critérios de equidade racial e paridade de gênero nas indicações ao Quinto Constitucional.
A conselheira federal reforçou que a mudança para uma sociedade mais igualitária exige união entre homens e mulheres e um esforço coletivo por mais representatividade nos cargos de liderança. “Quando pessoas que realmente se importam com essa pauta chegam ao poder, elas podem promover transformações profundas. Talvez a equidade de gênero não leve 300 anos, talvez possamos alcançar isso no tempo de vida das nossas filhas e netas”, disse.
Além de Vanzolini e Recchia, participaram do painel as advogadas Isabella Maciel de Sá e Juliana Marques, do grupo Jurídico de Saias; Camilla Jimene e Beatriz Dal Pozzo, do coletivo Ser a CEO; e Dione Assis e Ianda Lopes, da rede global Black Sisters In Law. Juntas, elas ofereceram uma troca inspiradora de vivências, apontando caminhos para fortalecer a liderança feminina no Direito e transformar a cultura institucional do setor jurídico.