
O auditório da OAB SP se transformou, na noite desta segunda-feira (15), em uma cápsula do tempo que reverenciou o passado para celebrar e projetar o futuro. A III Edição da Medalha Esperança Garcia foi mais do que uma solenidade de premiação, foi um ato de memória, resistência e reconhecimento coletivo, reafirmando o compromisso da advocacia com os Direitos Humanos e a Diversidade.
A cerimônia foi aberta oficialmente por Adriana Galvão, secretária-geral da OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo), que destacou sua trajetória e conexão pessoal com a causa: “Quem conhece um pouco da minha vida institucional nesta Casa sabe que tenho uma dívida de gratidão com a pauta das diversidades e dos Direitos Humanos. Atuar nessa frente há mais de 20 anos torna este momento ainda mais significativo: honrar mulheres que dedicam seu olhar e sua luta ao reconhecimento histórico dessa agenda.”
Em seguida, a secretária-geral adjunta, Viviane Scrivani, ressaltou a data simbólica: “Estamos aqui em uma data emblemática, no dia das mulheres advogadas, para entregar um prêmio que carrega o nome de uma grande mulher aguerrida, que clamou por Direitos, Esperança Garcia.”
A conselheira federal e presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, Dione Almeida, emocionou o público ao narrar a origem do projeto e o cuidado em preservar a memória. “Era fundamental que a honraria tivesse o nome de Esperança Garcia para que a lembrança dela não fosse apagada. Porque a história insistia em apagá-la, sobretudo por ser negra”, declarou, ecoando o apelo eterno da homenageada: “Coloque os olhos em mim”. Diva Zitto, presidente da CAASP (Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo), também integrou a mesa de abertura, saudando todas as presentes.
Arte como Ponte para a História
Antes do anúncio das premiadas, o público foi conduzido em uma viagem no tempo pela leitura dramatizada da peça “Caminhos de Esperança”. Com atuações brilhantes de Soraia Arnoni, Deo Garcez e Iléa Ferraz, a história de Esperança Garcia, a primeira advogada piauiense, escravizada que ousou escrever uma petição reivindicando direitos, foi recontada com uma força narrativa que arrancou aplausos e reflexão.
As Vencedoras: Nomes que Fazem a Diferença
O destaque da noite foi a revelação das oito advogadas agraciadas, cada uma representando um pilar essencial na luta por uma sociedade mais justa. Foram premiadas:
- Direito Civil/Família e Sucessões: Lucineia Rosa dos Santos
- Direito Constitucional: Cleide Aparecida Vitorino
- Direito Penal: Soraia Mendes
- Defesa para as Mulheres Advogadas: Caroline Vidal Freitas
- Direitos Humanos: Sheila de Carvalho
- Direitos Humanos do Trabalho: Lazara Carvalho
- Igualdade Racial e Verdade Sobre a Escravidão Negra no Brasil: Lenny Blue de Oliveira
- Diversidade Sexual e de Gênero: Melissa Cassimiro
Cada nome anunciado simboliza a materialização do legado de Esperança Garcia nos dias atuais, mostrando que sua voz, longe de ter sido silenciada, ecoa e se multiplica.
A cerimônia foi encerrada com um coquetel de confraternização, marcando o fim de uma noite que, mais do que premiar, eternizou memórias, fortaleceu redes de apoio e reacendeu a esperança.




