Conferência Nacional da Jovem Advocacia

16 de abril de 2024 - terça

‘A Ordem precisa mais da jovem advocacia do que a jovem da Ordem’, diz presidente da OAB SP

Patricia Vanzolini participou de dois painéis na Conferência Nacional da Jovem Advocacia

Patricia Vanzolini, presidente da OAB SP, fala ao público. Foto: OAB SP/Divulgação

Após discursar sobre “Tribunal do Júri e Direitos Humanos” durante a 4ª Conferência Nacional da Jovem Advocacia, em Bonito (MS), na sexta-feira (12), a presidente da OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo), Patricia Vanzolini, foi convidada a subir ao palco enquanto assistia ao painel de encerramento do evento, que abordou o tema “Os Desafios da Jovem Advocacia: Como Começar?”.

Ao lado do presidente da Comissão da Jovem Advocacia da Secional paulista, Guilherme Cirilo, Vanzolini pontuou a importância de trazer quem está iniciando a carreira para dentro da OAB. “A Ordem precisa mais da jovem advocacia do que a jovem advocacia da Ordem. Vocês têm talento, vocês fazem, vocês arrebentam”, enfatizou.

Em um bate-papo descontraído, a dupla da OAB SP elencou os projetos que a Comissão vem realizando. “A nossa pegada foi trazer, de fato, a jovem advocacia para a Ordem. E fizemos isso de várias formas, que vamos compartilhar aqui, para que possam levar para as Secionais de vocês e que sirvam de incentivo”, frisou Cirilo. Entre os destaques citados estão as criações do curso “Oficina da Advocacia” e do “Conselho da Jovem Advocacia (CJA)”. Este último garante a participação efetiva de recém-aprovados no Exame de Ordem dentro da estrutura da OAB SP.  

Na avaliação de Vanzolini, se equivoca quem pensa que os jovens profissionais não têm maturidade para participar ativamente da Ordem. “O jovem advogado tem maturidade para sustentar no STF, mas não tem para participar de um órgão colegiado da sua classe? Eu entendo que quem perde não é o jovem, quem perde com isso é a OAB. Ela fica velha, sem oxigenação”, afirmou. “O que mais queremos é gente recém-formada, com vontade de trabalhar, com vontade de ir para cima. Então, o conselho jovem é responsável por propor esse tipo de política, por levantar essa bandeira. O que mais queremos é trazer a voz da juventude para dentro da Secional”, reforçou Vanzolini.

Os dois falaram, também, da isenção da taxa de inscrição para os estagiários; do Congresso da Jovem Advocacia, que contou com oito encontros pelo estado de São Paulo com mais de 150 palestras; da nova sede da Escola Superior da Advocacia (ESA) da OAB SP, na Avenida Paulista, na capital; entre outros projetos que movimentam as advogadas e advogados paulistas. O programa Anuidade de Volta, que transforma o valor pago na anuidade em créditos que podem ser utilizados como forma de pagamento nos cursos de extensão e pós-graduação disponíveis na ESA OAB SP, também pautou o bate-papo. 

Aceleradora de Escritórios

Projeto inovador da OAB SP, a Aceleradora de Escritórios ganhou destaque durante o painel. O programa, que teve o primeiro módulo concluído neste mês, busca promover o empreendedorismo jurídico e fornecer ferramentas para potencializar o desenvolvimento dos escritórios de advocacia de pequeno porte do estado de São Paulo.

“Eu acho que todos esses projetos que citamos têm de estar em nível nacional, porque cuidando do presente a gente vai ter, no futuro, uma advocacia mais digna e brilhante, que é o que a gente mais deseja”, finalizou Vanzolini.

Foto: Divulgação OAB Nacional


Vendas e marketing

Guilherme Cirilo ainda abordou, durante a sua palestra, formas de alavancar o trabalho por meio do marketing jurídico. Ele explicou ser necessário dar forma ao planejamento e deixá-lo visível para auxiliar todo o processo. “Quando você tem um plano, um GPS, você sabe para onde está indo. Escreva no papel, desenhe, deixe isso materializado, porque até o GPS, dependendo do dia, coloca um caminho, uma rota ou outra. Torne o negócio visual”, ensinou.

Uma das formas para organizar as ideias, segundo CIrilo, é responder algumas perguntas estratégicas, como: quem você tem que conhecer para chegar no seu objetivo? Com quem você tem que se relacionar? O que você tem que estudar? Onde e como tem que investir? “É ter um plano de negócios. Isso muda o jogo”, finalizou.



Tribunal do Júri

Além da presidente da OAB SP, Patricia Vanzolini, o painel “Tribunal do Júri e Direitos Humanos” contou, também, com a participação da conselheira federal da Ordem paulista, Silvia Souza. Em sua palestra, ela abordou, entre outros aspectos, o júri na legislação internacional de Direitos Humanos.

“Nas peças, podemos trazer a nossa jurisprudência interna que observa a dignidade humana da vítima ou do acusado. Nós temos, sim, ferramentas no nosso sistema de justiça interno, mas se elas não forem suficientes, temos outra ferramenta no âmbito internacional que é a Corte Interamericana de Direitos Humanos, por meio do controle de convencionalidade”, detalhou.

Vanzolini falou do viés democrático do júri em um tribunal, contrapondo a visão de promotores e juízes que, em sua maioria, “são homens, brancos, de classe média alta, que nunca passaram por aquela realidade que a pessoa que ele está julgando passou”. Já o júri, na avaliação da dirigente da Ordem paulista, tem diversidade e pluralidade maiores, ainda que não totais. “Primeiro porque ele congraça pessoas de todos os estratos sociais, com uma diversidade racial e de gênero maiores, por exemplo”, resumiu.
 

Foto: Divulgação OAB Nacional

O evento

Com mais de 20 palestras e rodas de conversa, a 4ª Conferência Nacional da Jovem Advocacia, promovida pelo Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), foi realizada nos dias 10 e 12 de abril, em Bonito, Mato Grosso do Sul.

O objetivo do encontro foi debater temas relacionados aos desafios do início da carreira, capacitação e perspectivas da advocacia moderna sobre os mais diversos cenários. O Brasil tem 1,4 milhão de advogados e advogadas com até cinco anos de inscrição, que correspondem a mais da metade do quadro brasileiro de profissionais na área. 
 


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